#justica Quando uma mulher é morta por violência, morremos um pouco cada uma de nós.
Quando essa mulher é encontrada perto de sua casa e em um horário que tantas vezes você estava lá, no mesmo lugar, a gente sente e pensa "poderia ser eu".
A gente lembra de tantas amigas independentes que tbm acordam cedo pra pedalar, correr e viver a beira mar.
A gente lembra do nosso passado, dos banhos de mar com sol nascente.
E lástima, e chora e dá um aperto no peito.
Lástima por não podermos simplesmente existir e viver. Não existe a liberdade de ir e vir para a gente. Nunca existiu mas cada vez mais podemos ser menos. Menos direitos. Menos esperanças. Menos nós mesmas.
Não podemos andar com a roupa que quisermos. Não podemos falar o que pensamos. Não podemos disse Não!
Quando o femicídio acontece sofremos caladas porque se gritarmos somos histéricas. E a sociedade vai disse "ela vacilou", "ela pediu", "ela bobeou", "ela confiou em quem não devia".
Ela morreu e a culpa aos olhos do senso comum ainda vai ser dela.
E a gente sofre por aquele corpo machucado, destroçado e morto, sem identificação.
Que não sabemos qual de nós é
mas sabemos que é uma de nós.
Sofre pela menina que perdeu a vida
Sofre por ter a certeza de se saber mulher e de seu corpo ser só medo, insegurança e ira.
Sofre por não conseguir o assédio, quase que diário, evitar..
Sofre por ela, por tantas outras e por nós mesmas.
Quando uma mulher é morta por violência, morremos um pouco cada uma de nós.
*Em homenagem a mulher sem nome e sem rosto, devido as violências sofridas, e encontrada morta nas dunas da Praia do Cassino, hoje as sete da manhã... Um abraço querida aonde quer que estejas!
*Não compartilho notícias que vi, em respeito aos amiges e familiares, pois todas elas são cruéis demais.
#justica