"Recentemente, foi demonstrado que a variante do Reino Unido, por exemplo, está associada com aumento de risco de morte em 60%. Preocupa muito a variante P.1, de Manaus, e também essa nova variante que estamos identificando agora, porque elas têm mutações nas mesmas regiões que a do Reino Unido. Pode ser que algumas dessas variantes estejam associadas ao aumento de casos severos que estamos observando em todo o país", afirma Santana.
Os dois genomas estão em amostras coletadas nos dias 27 e 28 de fevereiro de 2021. Não há evidências de qualquer ligação entre elas, como parentesco ou região residencial, o que reforça a probabilidade de circulação da nova possível variante.Além disso, segundo o virologista, tudo indica que as pessoas contaminadas pela nova variante não fizeram viagens internacionais ou tiveram conexão com outros estados. No entanto, ainda são necessários novos estudos, inclusive com amostras mais antigas, para determinar exatamente quando e onde ela surgiu.
De acordo com Santana, possíveis impactos da nova variante na capacidade de imunização das vacinas aplicadas no Brasil também precisam ser pesquisados.
"Ela tem mudanças nas mesmas regiões importantes que são identificadas pelos anticorpos neutralizantes produzidos pela vacina. Mas ainda é cedo para a gente dizer se tem algum impacto na eficácia das vacinas", pontua.
Maior circulação de variantes
Os estudos apontaram, ainda, para um aumento progressivo da circulação de variantes de Sars-CoV-2 na Grande BH. Nos 85 genomas sequenciados a partir de amostras coletadas entre 28 de outubro de 2020 e 15 de março deste ano, foram encontradas sete linhagens diferentes:
- P.1: 30 amostras
- P.2.: 41 amostras
- B.1.1.28: 8 amostras
- B.1.1.7: 3 amostras
- B.1.1.143: 1 amostra
- B.1.235: 1 amostra
- B.1.1.94: 1 amostra
O virologista Renato Santana alerta que o surgimento de novas variantes é previsível em um cenário de alta transmissão do coronavírus, como o atual.
"Toda vez que o vírus se multiplica, tem a chance de mudar. Nós temos que, cada vez mais, promover o isolamento social e aumentar a taxa de cobertura de vacinação", conclui.
O G1 questionou a Prefeitura de Belo Horizonte, o Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) sobre a detecção da nova variante na capital, mas não havia obtido retorno até a última atualização desta reportagem. fonte https://g1.globo.com/