Na tarde do último domingo (11/04), os vereadores Tony Oliveira que como de praxe realiza as denominadas ” Rondas da saúde”, Roberta Leitão e Rudys Rodrigues compareceram a Unidade de Pronto-Atendimento 24 Horas para averiguar a situação do atendimento, ao qual segundo os próprios vereadores relataram que receberam simultaneamente inúmeras denúncias.
Ao chegar no local, ambos solicitaram a escala de trabalho dos profissionais da unidade de saúde, sem êxito, sendo assim iniciada uma sessão de transmissão ao vivo através das redes sociais, mostrando pessoas na fila de espera, conversando com acompanhantes de pacientes que de momento estariam no aguardo de atendimento por várias horas. O vídeo sugere também que a tenda de triagem não estava funcionando, e que os pacientes positivados ou com sintomas estavam misturados com os demais na sala de espera e na entrada da unidade.
Na tarde desta segunda-feira (12/4) a Central de Jornalismo da Medianeira 102.7 teve acesso a um boletim de ocorrência registrado por Manuela Borba Trevisan administradora da UPA 24H, em desfavor dos parlamentares, onde a comunicante relata:
“Ocorreu a perturbação do trabalho ou do sossego alheio. A(s) forma(s) de perturbação(ões) foi(ram); gritaria ou algazarra.
No dia 11/04/2021, compareceram a UPA 24H os vereadores Rudy, Roberta Leitão e Tony Oliveira com intuito segundo eles de fiscalizar. Porém eles constrangeram e coagiram a equipe médica e de enfermagem que estavam trabalhando naquele momento, causando assim um tumulto nesta unidade de pronto atendimento (UPA-24h). Os vereadores citados adentraram nesta unidade sem qualquer autorização usando de suas posições políticas para filmar pacientes e filmar a equipe desta unidade e explanando inclusive nome de paciente em alto e bom som.
Vindo assim causar transtorno ao bom andamento do serviço e desestabilizando toda equipe”, finalizou o registro Manuela.
A central entrou em contato com os vereadores, que declararam que a ação foi comunicada à 2ª Promotoria de Justiça Cível da Comarca de Santa Maria, e aguardam agora um retorno. Confira um trecho do documento:
“DO PEDIDO
Ante ao exposto, requer ao Ministério Público, instituição responsável pela defesa da ordem jurídica e dos interesses indisponíveis da sociedade, pela fiel observância da Constituição e das leis, nos termos do art. 1º da Lei Complementar n.º 40/81, que faça a averiguação pertinente dos fatos narrados no presente documento”.
Nossa reportagem teve uma resposta através da assessoria do UPA. Nosso objetivo era ter uma declaração da administradora da unidade, Manuela Borba Trevisan, mas nós foi informado que a UPA só iria se manifestar por nota, confira o comunicado:
“A direção da UPA e Casa de Saúde informa que no domingo, dia 11 de abril, haviam quatro médicos trabalhando na unidade, sendo que a escala geralmente prevê seis médicos, porém, nesse dia, dois médicos não compareceram pois avisaram no domingo que estavam com covid. Além da equipe médica, trabalharam ontem, quatro enfermeiros e nove técnicos em enfermagem. A tenda montada do lado de fora da instituição, como anunciado desde o início, funciona como uma estrutura de pré-triagem, onde ficam pacientes clínicos de outras enfermidades à espera de atendimento, justamente para evitar o contato com pacientes com síndrome respiratória que aguardam atendimento dentro da unidade. Ontem, não haviam pacientes na tenda, porque os casos que chegaram à UPA eram de síndrome respiratória e estavam em atendimento interno. Sobre a situação envolvendo a presença dos vereadores foi registrado um boletim de ocorrência policial que vai apurar os fatos e responsabilizações. A direção da UPA segue comprometida em proporcionar a melhor experiência e cuidado com os pacientes e reconhece o esforço imenso que sua equipe de multiprofissionais vem fazendo com esse propósito. Todo o paciente que chega à unidade é atendido e os casos que necessitam de internação clínica ou de UTI são colocados no sistema, chamado gerint, para serem encaminhados aos hospitais referenciados na rede SUS. Porém, em tempos de pandemia, com lotação máxima ocupada e sem vagas nos hospitais, muitos pacientes acabam ficando na UPA que deveria ser um local de passagem e acaba sendo utilizada de forma permanente”.
Central de Jornalismo Medianeira 102.7 fonte https://radiomedianeira.com.br/