As investigações sobre o desaparecimento do jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, continuam ao longo desta quinta-feira (18). Gabriel desapareceu na última sexta-feira (12) após ser visto sendo colocado em uma viatura da Brigada Militar, em São Gabriel. Nesta quinta-feira (18), a moradora que acionou os PMs que abordaram Gabriel falou em entrevista exclusiva ao Diário, como ocorreram os fatos que antecederam o sumiço do jovem.

Conforme Paula Lima da Silva, vizinha da casa onde o jovem estava hospedado, ela teria escutado barulhos no portão de casa e latidos dos cachorros próximo das 23h da sexta-feira (12). Paula, então, teria saído da casa para averiguar.

– Saí para ver e era o rapaz no canto do portão tentando abrir, mas ali tem um cadeado, e tentando, forçando as grades e o portão. Logo já vi que ele estava embriagado. Eu vim até a direção dele e perguntei o que ele queria. Nesse tempo veio um rapaz que bebe aqui na rua e gritava com ele “tu não entra no pátio da Paula, tu não te aproxima do pátio da Paula” – relata a testemunha.

Paula conta que Gabriel teria dito ao homem que tentava impedi-lo de entrar na casa que era primo de Paula. A moradora, então, negou que conhecesse ele, mas Gabriel seguiu insistindo. Nesse momento, ela retornou para dentro da casa e acionou a BM.

– O que eu ia fazer naquela hora? Ia chamar a Brigada. Não demorou muitos minutos e eles chegaram, abordaram o rapaz, revistaram, pediram documentação. O rapaz falou que não era da cidade, procurava uma prima e um tio, mas em nenhum momento me tocou no nome desse tio, se tivesse falado eu ia saber quem era. Eu ia saber, não ia precisar eu chamar a polícia – conta.A testemunha também disse que os policiais teriam levado Gabriel embora, mas que a abordagem não teria sido violenta.

– O fato que eu digo é que a Brigada saiu com ele daqui bem, na viatura e ele saiu bem. O que eu presenciei eu já contei. Desde então o que está acontecendo, a população tá me julgando demais por ter chamado a Brigada, mas se eu tivesse saído aqui e feito justiça com as minhas mãos a população ia dizer “por que não chamou a Brigada” – desabafa Paula.

Já, em entrevista na quinta (17), Soila Marques, irmã mais velha do jovem, afirmou que uma outra mulher que presenciou e fez registros em vídeos e fotos, apontou uma ação violenta por parte dos PMs.

– Nós temos a foto do Gabriel com a polícia, que a vizinha nos mandou. Ela falou que o Gabriel gritava, gritava que não queria ir, ele fez de tudo, mas eles levaram – afirmou Soila, em exclusiva ao Diário.

“Já está rolando boatos de que minha filha e minha afiliada chamaram esse rapaz aqui. Gente, as crianças não fizeram isso. Isso aí se espalhou”oi assim que Paula começou a contar a situação que vive hoje. A testemunha diz estar sendo pressionada pela população, mas nega ter culpa no desaparecimento e, também, do envolvimento da filha e sobrinha. Ela ainda comentou que pelo boato de a filha e sobrinha terem chamado o rapaz, elas estão deixando de ir a escola.

– Ele saiu daqui bem, entrou na viatura bem, eu posso afirmar. (…) Eu não sou criminosa, isso que a população tem que entender, se alguém cometeu crime foi a polícia, eu só chamei, mas não chamei para consumirem com o guri, chamei para retirarem ele do local e acharem alguém da família. Eu tenho a minha consciência tranquila que não sou culpada dessa história – completa.Em entrevista, Soila Marques, 27 anos, irmã mais velha de Gabriel Marques Cavalheiro, disse não acreditar na versão da Brigada Militar sobre o motivo da abordagem dos policiais e deu detalhes da personalidade de Gabriel.

– Eles estão falando coisas nada a ver. O Gabriel é muito tranquilo, calmo e carinhoso, ele é uma pessoa demais, não tem como entender. O exército é o sonho dele, aqui é o sonho dele, ele veio para cá para isso. (…) Eu procurei por tudo, pelo mato, não adianta ficarmos parado. Eu tenho esperança, a gente tem esperança que ele vai ser encontrado bem. Nós temos a foto do Gabriel com a polícia, que a vizinha nos mandou. Ela falou que o Gabriel gritava, gritava que não queria ir, ele fez de tudo, mas eles levaram – contouGabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, está desaparecido desde a última sexta (12) em São Gabriel. O jovem, nascido em Guaíba, estava hospedado na casa dos tios no município para realizar os exames de alistamento militar, que ocorrem nesta semana. Ele teria sido avistado, pela última vez, por uma testemunha sendo colocado em uma viatura da Brigada Militar.

Desde quarta-feira as buscas se concentram em uma localidade conhecida como Lava pés, localizada a dois quilômetros do ponto da abordagem. Sobre isso, conforme informações publicadas em GZH, PMs admitiram que levaram Gabriel até o local após ele ter sido colocado na viatura. Eles estão afastados. O Diário questionou o major Aníbal Silveira, comandante do 2º Regimento de Polícia Montada, que se recusou a comentar o assunto.

As buscas retornaram na manhã desta quinta-feira ainda, em uma região de açude, no Lava Pés. O trabalho é feito pela Polícia Civil, pela Brigada Militar, e pelos mergulhadores do 4º Batalhão de Bombeiro Militar (4º BBM) de Santa Maria.                                                                                                                                                                                                                                                                                              Denzel Valiente, denzel.valiente@diariosm.com.br

Maurício Barbosa, mauricio.barbosa@bei.net.br

FONTE Bei